sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
A Ponta do Iceberg.
Você está preocupado com a falta da água no sudeste? Não? Pois deveria...
Após mais um hiato de alguns anos, resolvi novamente dar as caras por aqui. Não que eu não tenha escrito nada nesse tempo, mas a maioria se perdeu nas redes sociais. Porém agora a situação é crítica e aparentemente as pessoas não tem a mínima noção da dimensão do problema que estamos enfrentando. As pessoas ainda não pararam para pensar que nosso governo "colocou todos os ovos na mesma cesta" (não tem plano B). Os governantes passaram tanto tempo repentindo para o povo como papagaios que temos abundância de recursos hídricos que ninguém nunca deu valor a esse potencial. Sempre que houve demanda, a resposta do governo era a construção de mais hidroelétricas já que na mentalidade do brasileiro as mesmas não tem tanto impacto ambiental pois não liberam CO². Outra propaganda do governo também foi sobre a abundância de petróleo. Durante anos ficamos assistindo o problema se agravar achando que a água nunca ia bater na bunda. Pois agora a ficha caiu e não tem mais água para bater.
Onde começa esse problema? Na nossa cultura de desperdício! Ao invés de cuidar desse potencial e preserva-lo de nós mesmos, muitos ficam perdendo tempo com teorias da conspiração dizendo que os gringos querem invadir a amazônia ou tomar militarmente o pré-sal. Essas idiotices me lembram os cachorros que eu tinha que adoravam seus brinquedos e vinham desfilar com eles nos provocando ostentando aquelas coisas fedorentas e babadas. Esse é o típico brasileiro imbecil que acredita nessas baboseiras de conspirações malucas e fica bostejando na internet mas não faz nada para cobrar dos seus governantes para que os mesmos protejam esses recursos. Ficamos perseguindo nossas caudas sem rumo tentando proteger algo que deveriamos defender de nós mesmos. Os gringos não querem a nossa água. Eles não precisam dela. Seria mais caro transportar a água do Brasil para os EUA em petroleiros do que dessalinizar água do mar de lá mesmo. E quanto ao petróleo? Em breve ele será obsoleto graças a investimentos em outras fontes de energia que vem barateando as mesmas.
No nosso modelo, precisamos de água para produzir energia e precisamos de energia para tratar a água. Só eu que vejo o absurdo nisso?
Enquanto nos preocupamos com teorias malucas de navios levando água e com o pré-sal, na Europa a mais de 10 anos já se investe pesado em energias realmente renováveis. A China, que até recentemente sempre ligou o foda-se para o meio ambiente e sempre usou carvão barato, vem investindo muito em tecnologias para tomar a vanguarda no mercado fotovoltaico a longo prazo. E o fez pois viu que o barato acaba saindo caro e que o caminho mais curto (poluir) tem sérias implicações a longo prazo. Até nos Emirados Árabes (um dos maiores exportadores de petróleo) se investe em fontes renováveis.
E porque não somos capazes de ver isso? Voltamos ao ponto da cultura do desperdício. Já na época que anunciaram a descoberta do pré-sal eu achei uma ideia idiota tirar lá do fundo da terra para queimar e colocar na atmosfera. Já é uma ideia idiota em baixas profundidades. Aumentando o custo dessa extração ela se torna ainda mais estúpida. Falam muito na tecnologia que se desenvolveu para extrair esse petróleo. Não seria mais sensato ter investido em DIVERSIFICAÇÃO DA MATRIZ ENERGÉTICA já naquela época? E qual é o problema da energia hidroelétrica? O problema começa pelo fato de que ela é produzida longe de onde se consome. E a maioria das pessoas não sabe, mas muito da energia se perde na transmissão. Se tentassem mudar as coisas enchendo o sertão nordestino de usinas solares grandes, resolveriamos o problema em parte. Diversificaria nossa matriz porém continuaria o problema da distância entre produtor/consumidor. Eu pessoalmente acho que essa é a tendência do futuro.
E no que consistiria esse novo modelo? Reduzir a distância entre produção e consumo de eletricidade.
Como? Oferecendo crédito e benefícios fiscais para tanto empresas quanto cidadãos possam gerar a energia que consomem (pelo menos durante o dia) e durante a noite e em picos de consumo utilizamos a energia hidroelétrica que até necessária fica na vasão mínima como energia potencial. No começo seria caro a implantação desses sistemas (até porque a importação de painéis solares paga tributos altíssimos) porém como toda tecnologia, quando ela passa a ser produzida em maior escala, a tendência é baratear (como foi o caso dos celulares). Mas para isso precisa haver um incentivo real por parte do governo. Começando pela redução de tributos nessas tecnologias e o incentivo para indústrias produzirem os painéis aqui. Mudanças na cobrança, na medição e na distribuição de energia (uma vez que haveria um mercado de excedentes). Com o tempo a demanda vai aquecer o mercado e o custo de produção tende a baixar. Sobra energia... Sobra água nas represas... E sobra dinheiro no final do mês.
Quanto à água, precisam haver leis mais rígidas para cobrar dos prefeitos que a água antes de jogada nos rios deve ser devidamente tratada. Começando com incentivos e linhas de crédito e um tempo para se adequar. Após esse tempo multas, bloqueio de recursos e responder criminalmente por crime ambiental. Ou tomamos uma atitude agora e mudamos essa mentalidade estúpida, ou podemos continuar investindo nesse velho modelo falido construindo mais represas e transpondo rios para jogar o problema pra frente. Agora é a hora de discutir alternativas e mudar as coisas. ou o fazemos ou nosso futuro vai ser muito seco e sombrio.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário